quarta-feira, agosto 30, 2006

Velhos jornais e futuro

Encontrei um passatempo diferente esta semana. Recordar. Estou remexendo os velhos jornais à procura de velhas notícias. Não tenho um arquivo muito grande, teria acesso se isso eu quisesse, mas não é o caso. Dois anos me bastam. O que me interessa está impresso em um passado muito recente.
Encontrei muita coisa nas capas dos velhos jornais. A maioria eu já havia lido, como o casamento que não deu certo de Ronaldo e os preparativos da seleção brasileira para o hexacampeonato. Ainda no esporte, não certo da porcentagem exata, acredito que a maioria absoluta das páginas, o São Paulo F.C reinou soberano em suas conquistas. Muita gente morreu – de velhice e de bala no peito. Guerras estampavam as capas, ditadores eram presos, inocentes assassinados.
No cenário político brasileiro, aconteceu tanta denúncia que é difícil catalogar, mas estou tentando. Explodiu a bomba sobre os escândalos do mensalão, que foi a compra de votos dos parlamentares, a corrupção na área da saúde, o caso das sanguessugas, os dólares pagos em paraísos fiscais ao publicitário Duda Mendonça, dólares na cueca, os pagamentos não autorizados de Paulo Okamotto, sem esquecer dos investimentos da Telemar na empresa de Fábio Luís Lula da Silva, - o Lulinha. Parlamentares de vários partidos foram envolvidos em muitas dessas acusações. CPI's foram pedidas com a intenção de encontrar e punir os envolvidos. Alguns foram cassados, outros renunciaram. As campanhas eleitorais desse ano nos ajudam a lembrar das caras dos envolvidos, pois eles estão querendo voltar. Ou, melhor dizendo, continuar o que nunca deixaram de fazer – enganar o povo e enriquecer às custas do país.
É coisa demais para ter ficado somente na capa dos jornais passados. É sujeira demais para se esquecer. Eu até posso tentar deixar de lado parte dessas denúncias, mas não consigo. É impossível. O conjunto da obra é fundamental. Falcatruas e canalhices não podem passar em branco, ainda mais quando a continuidade do processo está em jogo com o ano eleitoral.
Confesso que eu estava um tanto ansioso para o início da campanha deste ano. Não por eu ser daqueles que gostam de "barracos" eleitorais ou showmícios de escândalos. Estava ansioso sim, mas pelas explicações e pelas propostas. Inocente, eu acreditava que para seguir em frente, a frase pronta que caiu como uma luva nas mãos do presidente, "eu não sabia", ficaria para trás e ele, como governante da nação que vem mais uma vez pedir votos para a reeleição, explicaria o que não tem explicação. Não aconteceu. A situação é cômoda e permite o distanciamento. Os cofres estão cheios para comandar da forma que bem interessar as reformas necessárias à perpetuação. As pesquisas, encomendadas ou não, fornecem o mais favorável dos dados, além de mostrar aquilo que parece inadmissível – os eleitores estão desinteressados com a campanha deste ano. O cenário é o mais belo cartão postal, que os adversários ao que me parece, não estão dispostos a estragar. Não agora. Não compensa.
Hoje, as coisas estão desse jeito. Talvez estejam assim de forma premeditada. Mais quatro anos dessa continuação pregaria o final desse partido. É justo esperar este período, o prêmio é grande. Isso é o que acreditam os adversários, ao analisarem a falta de um substituto para a última pilastra sólida que resta a este condenado partido – o presidente. Talvez, em um futuro não muito distante, ao abrir um jornal, encontremos um cronista que comece seu texto da seguinte forma: "Era uma vez, um partido que era regido por um estrela, mas esta se apagou ..."

sexta-feira, agosto 18, 2006

Com defeito eu não compro

Não quero comprar nada. Vendedores de todas as áreas e todos os ramos não percam seu tempo oferecendo-me qualquer um de seus produtos. Não quero, não preciso. Muito obrigado.
Operadores de telemarketing são treinados em diferentes níveis para que aprendam a vender o desnecessário. Campanhas publicitárias são criadas e aperfeiçoadas para buscar novos consumidores. Slogans e dingles entram na nossa mente e desapercebidos nos vemos cantando a ordem de compra subtendida.
Ligo a televisão e vejo, no rádio eu escuto, no jornal e na internet eu leio, pode esperar que sempre vão estar lá, as imperdíveis promoções de produtos que não vão mudar a minha vida.
É assim todos os dias, todos os anos. O que muda é o produto.
Começou a exposição de novos e velhos "produtos" que, esses sim, mudarão nossas vidas – para melhor ou pior. Ano eleitoral é assim, um show de performances ensaiadas, terinadas a exaustão e executadas com louvores. Os candidatos estão na mídia em plena atividade circense. Cada um deles, cercados de seus amigos marketeiros tentam vender seu peixe mais uma vez, que no caso é ele mesmo quem está a venda pelo valor de seu voto.
Tem gente que pede desculpas em cadeia nacional pelos erros cometidos na gestão passada. Como errar é humano e pedir desculpas é fácil, por quê não tentar de novo? Fazem isso da mesma forma que uma empresa faz quando comete um erro ou engano – vão aos meios de comunicação e dizem que não vai mais acontecer. Pura canalhice. O que eles não entendem é que, enganar o eleitor que depositou sua confiança e seu voto na esperança de que o país prosperasse e ao invés disso receberam perplexos as manchetes de corrupção, é muito mais grave que um problema técnico apresentado por um carro. Usar um cargo público para obter vantagens pessoais e com isso avacalhar a imagem do Brasil é muito mais sério que uma TV que distorce a imagem. Quem rouba deveria ir para a cadeia, mas quem rouba, engana, passa por cima de interesses coletivos para benefício próprio, trai uma nação toda, estes, deveriam queimar no inferno. Mas, como a memória da população é dita curta e o salário é bom, eles vão tentar a mamata dos proventos e da impunidade novamente.
Parece mentira. Antes fosse. Os mesmos envolvidos nos escândalos que abalaram o país estão em plena campanha. Aqueles mesmos que foram mostrados por todos os ângulos, em todos os canais e em todas as capas de jornais desse país. Condenados pelas CPI’s e pela opinião pública, eles voltaram. Lembram dos que renunciaram? Pois é, também estão de volta. E dos velhos ladrões assumidos, você lembra? Estão em campo, pode procurar. "Votem em mim, que eu não farei mais nada de errado. As pessoas cometem erros e estou arrependido." – é o que estão dizendo. Será? Eu não acredito.
Comecei escrevendo este artigo afirmando que eu não quero comprar nada. É verdade. Não tenho a intuito de comprar nem uma tampinha de refrigerante. Marqueteiros, obrigado. Não quero seus produtos. Não vou comprar um candidato confirmadamente corrupto. Não compro de jeito nenhum. Pode barganhar. Pode bombardear minha cabeça com os mais elaborados discursos e frases feitas que eu não caio nessa. Sorrir nos mais diferentes ângulos e prometer maravilhas não vai mudar minha opinião. Prometam o que quiserem. Mesmo se for verdade o que dizem – estarem arrependidos – EU NÃO COMPRO.
Candidato com defeito eu não quero. Meu voto vale muito e preciso ser sábio na escolha que farei na hora de gastá-lo.

quinta-feira, agosto 10, 2006

Uma Homenagem e nada mais

As datas comemorativas são tratadas pela indústria e pelo comércio como uma possibilidade real de aumentar as vendas e assim fazer crescer o faturamento. Campanhas publicitárias nos lembram a cada minuto na TV, a cada página virada do jornal, em todos os clicks pela Internet que mais um dia especial está chegando e assim nos oferecem as mais diversas possibilidades de presentes.
Pois bem. A bola da vez são os pais. Aquele mesmo que aparece sorrindo nos comerciais, abraçando seu garotão por ter ganho um novo celular. Ou aquele outro que feliz da vida com sua nova furadeira elétrica, distribuí beijos em sua filhinha. Sem falar naquele outro que com lágrimas nos olhos, esquece das palavras e não consegue agradecer o novo terno. Imagens e mais imagens incentivando o consumo. Propagandas que visam sensibilizar os filhos, como se houvesse a necessidade do presente para que o pai lhe gostasse um pouco mais.
O motivo do artigo é homenagear os pais e não criticar o consumismo. O que escrevi nas linhas acima foi somente para lembrar que cada pai desse Brasil merece um forte abraço no seu dia. Com ou sem presente, o dia por si só já é especial.
O pai é para a criança o exemplo, para o jovem o abrigo e para a esposa o eterno companheiro. A obrigação do chefe de família vai além do sustento, ultrapassa os limites do dinheiro e se solidifica nos alicerces da proteção. Acordar de noite com o som do bebê chorando e meio sem jeito cantar uma canção que por si só acalma a criança – isso é ser pai. Receber uma ligação no meio da noite e sair debaixo de chuva para buscar o filho na casa de amigos é tarefa para poucos, mas nunca negada pelo verdadeiro pai. Chegar cansado do trabalho e pacientemente ensinar a difícil matemática de sua filhinha é coisa de pai. Enfrentar horas e horas de fila e sol quente, em dia de jogo, só porque o caçula resolveu que queria ir ao parque de diversões é motivo de sobra para reafirmar o cargo de super paisão.
Pai joga bola, leva na escola, solta pipa, compra figurinha, leva no estádio, brinca de cavalinho, joga amarelinha, deixa dormir junto, assina a agenda, monta quebra-cabeças, participa de gincanas, conta histórias, vibra, torce e chora pelo filho e pela filha em todas as oportunidades. O mais simples dos feitos realizado pelo Junior ou pela Pequena é motivo de orgulho e comentários inflamados do pai coruja.
Exemplos de fatos e feitos realizados pelos grandes heróis da criançada são tantos que não existe a menor possibilidade de tentar enumerá-los, no entanto, podemos fazer uma busca rápida pela memória e lembrar de algo maravilhoso que nossos pais já fizeram por nós.
Os filhos crescem e de uma maneira ou de outra, a proximidade com os pais se altera. Seja por conveniências da profissão, seja por motivo de estudo ou pela continuação natural do ciclo – o casamento. Existem também aqueles que voltam. Por um motivo qualquer, ou por peças pregadas pela vida, muitos filhos e filhas voltam para o mais seguro de todos os portos do mundo, a casa do papai.
Se você tem pai, aproveite cada minuto que puder ao lado dele, crie lembranças que farão diferença um dia em sua vida. Se não tem, lembre-se de como ele era, busque no coração os melhores momentos que tiveram juntos e celebre este dia como se ele estivesse com você.
Por todos os minutos e segundos de dedicação que cada pai desse mundo dedicou ao seu filho, ele merece uma homenagem. Merece o mais sincero dos abraços e o mais terno dos beijos. Que este Dia dos Pais seja tão especial para você papai, como tu és para seus filhos.
Diante de tanta coisa ruim que vemos, ouvimos e lemos todos os dias, desejo um domingo de paz e alegrias para todos os pais e todas as pessoas desse Brasil.

sexta-feira, agosto 04, 2006

Uma rotina de marcas

São 8:00h da manhã. O rádio relógio da Panasonic já cansado de tocar espera para ser desligado. Sonolento, me vejo no espelho do banheiro tateando sobre a pia o creme dental Colgate e minha escova de dente elétrica da GE. Com pouca vontade, uso o fio dental Oral B e por último, refresco o hálito com o enxaguante bucal Listerine.
Já vestido com meu jeans velho de guerra da Levis, procuro no guarda roupas minha camisa Calvin Klein. Com os cadarços de meu sapato Samelo ainda desamarrados, chego na cozinha onde abro minha geladeira Brastemp e pego o leite Parmalat que vai dar vida ao crocante sucrilhos Kellogs. Um sanduíche de presunto e queijo sai quentinho da lancheira Arno e meu iogurte Nestlé finaliza meu desjejum.
Ainda mastigando entro na garagem que, entre um Pegeout e um Fiat, reina soberano o “mais querido do Brasil”, o Gol da alemã Volkswagem. O pneu Goodyear da frente de meu carro já aponta os sinais da alta quilometragem e se mostra mais careca do que o devido.
Rotina. O trânsito é o mesmo todos os dias, carros e mais carros das mais diferentes montadoras se acumulam nas avenidas da cidade. Pela janela, enxergo um outdoor que mostra uma bela moça matando a sede com Gatorade. Enquanto espero o fluxo, meu celular Samsung toca e do outro lado da ligação, meu chefe me avisa daquilo que já sei – estou atrasado.
Faço o possível e o impossível para não cometer nenhuma infração e chegar o mais rápido que posso ao escritório. Mas, o não esperado acontece: fico sem gasolina. Sorte a minha que a poucos metros encontro um posto Esso e sem mais delongas, finalmente chego ao trabalho.
Recebo uma advertência pelo atraso e com meu humor, a esta hora já bastante alterado, sento em minha cadeira e ligo o monitor LG. O computador IBM com processador Pentium demora alguns instantes para iniciar, até que a tela azul do Windows me convida a começar o que já devia estar adiantado – meu trabalho.
As pessoas em minha volta em situações não muito diferentes que a minha, correm contra o tempo para que tudo termine no prazo. Por um breve instante, olho para o chão e com uma rápida busca pelo recinto, vejo pés calçando tênis dos mais diferentes fabricantes: Nike, Adidas, Puma e por aí vai.
O tempo passa. O telefone Siemens toca sem parar. A impressora HP descarrega ininterrupta, folhas e mais folhas impressas. Noto por um momento a quantidade de caixas de papel Chamex Office que foram usadas no dia.
Estico os braços, alongo o corpo. Consulto meu relógio Timex de pulso e fico feliz, pois ele está marcando exatamente o que meu organismo me alertara – hora do almoço.
Sozinho, caminho menos de uma quadra e entro no Mac Donalds. Comida rápida que facilita a minha escolha pela mesmice dos sabores – qualquer número serve. Satisfeito? Ao menos parece. Hora de voltar para minha mesa. Termino o que restava do meu “balde” de Coca-Cola e, outra vez estou diante do meu companheiro teclado Dr. Hank.
A parte da tarde passa sempre mais devagar. Se ao menos eu ganhasse o suficiente para comprar um Ipod da Mac, o som relaxante do Pink Floyd me ajudaria em minha empreitada.
Fim do dia. Já é hora de voltar para casa. Mal vejo a hora de me esticar em minha confortável poltrona, ligar a TV Philips, colocar um DVD que aluguei na Blockbuster, no aparelho da Sony e aproveitar o que me resta do dia, saboreando o inigualável Jack Daniels beliscando uma deliciosa batatinha Pringles.
Pois é, caro leitor, notou algo peculiar neste artigo? Percebeu como podemos excluir totalmente de nossa rotina, as marcas nacionais. Algo está errado. Não acha?