quarta-feira, outubro 18, 2006

Um Brasil sem caráter

A experiência que tivemos sobre os acontecimentos que entorpeceram o país nos últimos meses, serviu apenas para concretizar a idéia de que o Brasil não é um lugar sério. Não só pelo ineditismo nacional que rege o não banimento da corrupção deslavada, como pelos problemas que suscitarão pela falta de punição.
Parecia-me evidente a necessidade de um basta após tantas denúncias. Não aconteceu. A troca de acusações mostrou-se tão arcaica, quanto os mecanismos de busca usados nas comissões de inquérito. Perguntou-se de tudo lá. Sigilos bancários e telefônicos foram quebrados após muita controvérsia e o apurado mostrou-se como sempre insuficiente. Pois, se depois de tudo aquilo o que foi provado, um novo problema deveria surgir para atormentar as autoridades. A falta de vagas na cadeia para colocar tanta gente.
As punições abrandadas serviram apenas para solidificar uma certeza que reinou sempre dentro das cabeças dos políticos: Brasileiro perdoa, sempre.
A sorte que os políticos tem, para o nosso azar, é que nesse país, qualquer um pode falar à asneira que bem entender, sem o menor critério ou apuração que vai ser levado em conta sem estar sujeito ao confronto de opinião. Pode prometer que pobre ficará rico, pode prometer o fim da seca do nordeste, prometer escola para todos, saúde de primeiro mundo regada ao bom atendimento. Pode prometer. Ninguém questionará. Brasileiro acredita, sempre.
É muito fácil gabar-se do fato de que o risco Brasil caiu. Caiu sim, mas pelo fato do país ter honrado seus compromissos externos. O ponto é que antes, quando a situação atual era oposição, o discurso inflamado por calote reinava soberano nas promessas de campanha. Hoje, em cargo assumido, ninguém tem coragem de admitir a bobagem que antes prometera. Não é mais preciso. O pior desonesto, ao meu ver, não é aquele que fez diferente do que prometeu e sim aquele que faz diferente e não assume seus atos.
Desviando o tema para longe da corrupção, pois ainda considero prioridade a manutenção do caráter intacto para assumir qualquer cargo público, pergunto a todos: O que seria justo e correto prometer à população nessa campanha? Minha resposta que divergirá de muitas é: Prometer uma administração que viabilize a volta do respeito para o país e assumir total comprometimento com os interesses nacionais, colocando sempre o Brasil acima do partido.
Acredito piamente na população nacional. Da mesma forma que acredito que muita gente de boa fé está sendo enganada. Qualquer pessoa medianamente informada, enxerga as entrelinhas dos discursos de campanha e distingue as verdades dos absurdos. Falsas acusações e boatarias servem como mecanismo de alienação. Apostar o mais alto que puder é a lei que rege esse sistema vigente que trabalha incansavelmente para a sua manutenção no poder. Sem regras ou escrúpulos, o vale tudo da política nacional destrói os argumentos da população com falsas verdades. O simbolismo do respeito à instituição e à população não existe mais. Aquilo que governa o país e conduz o Estado chama-se impunidade.
Não interessa de onde veio o dinheiro sujo. Basta saber que é sujo e disso ninguém duvida.
O que deve ser feito é concretizar as palavras desse presidente que repete sem distorções da fala que encontrados os culpados, estes serão punidos. Meu conselho é: Seja feita a Vossa vontade e apresente-se a polícia, digníssimo Presidente.

Divagando


Uma manhã ele acordou e resolveu ser mais feliz.

Decidiu procurar pelas coisas boas que ele sabia que estavam dentro dele.
Nada pode ser melhor que um dia após o outro. Se isso foi uma constatação, ele estava certo.
Para acreditar que tudo vai melhorar é preciso de uma prova, mas, na falta de uma, a experiência vivida passa a ser válida. Se a introspecção fosse uma forma de sentir o mundo, ao sair desse estado seria possível entender melhor a realidade, ou parte dela.
Coisas boas.
Julgamento de valores não cataloga o que sentimos. Os sentimentos agem diferente em cada pessoa e, assim sendo, “acreditar em que?”, passa a ser a melhor das perguntas. Há quem diga que a inteligência nos faz sermos capazes de enxergarmos de maneira imparcial e para isso, o caminho mais lógico seria a formação. Mas, em quê?
Quando procuramos aprender mais sobre algo, devemos ter em mente a finalidade de tal. Conseguimos? Nem sempre e, nesse ponto entra o conceito – VOCAÇÃO. Isso não vem marcado a ferro em pelo ao nascermos. Pois deveria! Ao menos a mais difícil das questões que pode ser feita em vida nunca seria mencionada: PRA QUE EU SIRVO?

Nada à priori.

Cultuando o Acaso


Uma velha idéia que durante muito tempo regeu minha vida, voltou. Contruir em palavras um tom explicativo para a vida, contado em capítulos, que juntos um dia transformariam-se em um livro. A base da idéia sempre tive. O que falta para a realização desse projeto? Confesso para todos. Nada.
Apresento-lhes agora a introdução.
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Quando se tem muito tempo disponível para fazer tudo aquilo que tem vontade, você acaba usando muito desse tempo para pensar naquilo que vai fazer. O engraçado é que consigo passar horas e horas pensando em nada, o que eu chamo de Cultuar o Acaso, sempre dando como desculpa o fato de estar vivendo um momento de introspecção de minha vida. Dar desculpa nem é necessário pra dizer bem a verdade, já que quando atingimos uma certa idade, nos preocupamos menos em agradar ao próximo do que a nós mesmos.

Pensar em nada pode se tornar perigoso, pois como dizem "cabeça vazia oficina do diabo". Em contrapartida, pode ser criativo, lado este que prefiro seguir, pois considero o fato de que existam cabeças extremamente brilhantes, que cultuam o acaso, desestimuladas com a vida ou com uma parte dela.

Não colocarei conteúdo algum no primeiro capítulo deste livro, como você leitor poderá perceber ao avançar um pouco mais na leitura. Esta decisão não é nenhuma artimanha de marketing, tampouco uma atitude de revolta de minha parte para com o número um. O fato de eu não colocar palavra alguma no primeiro capítulo, foi à maneira que encontrei para ressaltar o quão vago pretendo que seja o livro.

A partir do segundo capítulo do livro, Te convido a se aventurar com a personagem principal da história – Poe, um menino curioso que se sujeitou a fazer uma viagem no interior da mente humana, explorando o lado vazio.
Poe não existe, foi criado para ilustrar a história. Como criador, dou-me o direito de equipar minha criação da forma que eu achar melhor.

Crente que meu personagem não será questionado, começo agora a falar um pouco sobre ele. Poe têm hiperatividade, é observador e tem personalidade forte. Gosta de todos até que alguém o prove o contrário. Prefere ouvir uma música que goste muito várias vezes do que ouvir uma coletânea que não lhe agrade tanto. Ele não é feliz e não é triste. Poe é de fases, de momentos, vivendo sempre o hoje intensamente. Não faz plano, mas tem sonhos. Ama o amor, sempre procurando um amado.Poe gosta de sua vida, mas fica extremamente inquieto quando observa o mundo à sua volta.Este é Poe, que foi escolhido aleatoriamente levando em conta apenas seu grande interesse a respeito do mundo e das coisas, qualidade que admiro.

Faltou dizer o porquê de Poe ter aceito meu convite e participar desta experiência. Não foi por dinheiro, pois dinheiro eu não tenho. Nem por nenhuma razão científica, pois o que escrevo e o que pretendo escrever não tem nenhum amparo na ciência. Tampouco foi pela sua curiosidade, pois Poe privilegia a sua liberdade de escolha para explorar aquilo que quiser. Falei a palavra "liberdade" e foi esta a chave do convite. Poe poderá vasculhar, remexer e questionar tudo aquilo que tiver vontade e gostou disso.
Todos de alguma forma buscam a liberdade, seja ela qual for, financeira, afetiva, intelectual ou de expressão. Poe gostou da idéia de agir sem censura na cabeça de uma outra pessoa, questionando o mundo seguindo a visão dos outros, avaliando e comentando como quiser, tendo sempre como principal objetivo explorar o vago.

A falta de uma explicação nesse momento, talvez deixasse você com dúvidas a respeito daquilo que será o foco principal do livro. O que quero dizer com explorar o vago? Temos o intuito, (digo agora "temos", pois já considero Poe integrado à história) de tentar entender os pequenos gestos, as simples ações que estão por trás das coisas cotidianas das pessoas. Porque as pessoas estudam? Porque as pessoas trabalham? Porque as pessoas se relacionam?

Podemos encontrar milhares de respostas para estas perguntas, mas nunca uma só para cada. Poe tentará encontrar a melhor resposta ou a que valha mais a pena, ou simplesmente mergulhar neste mar de possibilidades validando todas elas.
Ninguém sabe ao certo o que existe de melhor na vida. As pessoas acham que sabem o que é melhor para elas e se empenham nisso. Outras não. E são estas, que não agem da forma esperada e não pensam apenas naquilo que já foi pensado, que são o foco de nossa busca. Sabendo disso, Poe começará suas observações e analisará de sua maneira tudo que achar interessante.

Ele terá um amplo espaço para suas reflexões e se divertirá com isso, já que se baseará somente no que acha para elogiar ou criticar. Poderá conversar com as pessoas para saber sua opinião, ou simplesmente penetrar na sua cabeça e enxergar o que elas vêem interpretando de seu modo. É este todo o poder que dou a Poe, seguro que ele fará de tudo para entender o que não costuma ser entendido.

Isso é o que pretendo explorar, não sabendo ao certo onde Poe vai chegar. Convido agora você leitor, a descobrir o que segue nas próximas páginas, não prometendo nem ao menos o final. Por este motivo não dedico este livro a ninguém.

Valerá a pena? Talvez.

domingo, outubro 08, 2006

Fugindo da responsabilidade

Quantas vezes em nossas vidas já não nos imaginamos indestrutíveis?
Pergunta inoportuna que pode levar a um questionamento desnecessário. Então, porquê fazê-la? Na maioria das vezes quando me pedem uma explicação eu faço sem hesitar. Hoje, como o tom foi dado por mim, explico-me sem pedidos.
Inúmeras oportunidades do cotidiano poderiam ter sido menos agressivas do que de fato foram. Situações colocadas sem cabimento, muitas vezes mostraram-se absurdas. Outras tantas vezes não.
A intenção não é a de criar um texto introspectivo, não é minha finalidade e provarei com mais algumas linhas.
Cargos, hierarquias, ambições e fulminantemente, o poder, são degraus perigosíssimos que mudam a essência do ser humano. Maquiam a alma, destroem o caráter. Com isso acontecido, um superpoder inexistente aparece com força na falsa sensação de domínio da verdade e o mais humilde dos homens, portador neste momento de raios cósmicos divinos, intitulasse Deus.
O Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva é um exemplo a não ser seguido. O afortunado representante de uma nação, não pode mostrar-se acima de tudo. Pelo contrário, o exemplo deveria ser dado. Tudo o que foi dito e esmiuçado a respeito do partido do presidente não foi e continua sem ser explicado. Após duríssimas críticas recebidas pelo não comparecimento aos debates de primeiro turno, Lula deu o ar da graça no primeiro debate televisivo deste segundo turno, a contragosto pelo que aparentou no vídeo, pelo motivo único de ser uma estupidez tamanha deixar seu espaço para um palanque do adversário. Se houvesse uma única saída para que o presidente se ausentasse desse “combate”, acredito eu, ele o teria feito.
O que acontece com as pessoas quando são colocadas à prova? Muitos enfrentam seus problemas com garra e coragem, alguns são cautelosos e preferem o diálogo, outros se escondem e não assumem a responsabilidade que tem. Cada um, cada um. Mas, quando um problema de dimensões nacionais estampa todas as páginas de todos os jornais do Brasil e são usados também pela imprensa estrangeira, algo imprescindivelmente precisa ser feito. Não queremos explicações do metalúrgico que baixou sua produção. Queremos uma explicação do representante máximo nacional pelos erros que são absolutamente da sua alçada.
Não acredito em pessoas indestrutíveis. Acredito em fortes armaduras. Tenho a certeza que a espessura da carapaça que o Presidente Lula se revestiu durante todo o processo de escândalos está muito comprometida. Mais cedo ou mais tarde, nosso Presidente precisa ceder. Ceder ao apelo da população por uma explicação contundente e honesta. É o mínimo que ele deve fazer para mostrar-se ainda digno de continuar na vida publica.
O homem que surgiu do povo e pelo povo chegou ao poder não existe mais. Este mesmo poder, que ele tanto quis para ajudar os mais sofridos deste país, deixou-o cego. A arrogância que antes não existia nele, agora reina soberana. Eu não conheço este homem. Não é o mesmo que perdeu as primeiras eleições que disputou, tampouco o homem que assumiu o Brasil há quatro anos atrás. Quem é esse novo Lula, que perdeu com os anos sua paixão pela moral e pelo social? Quem é esse presidente que está acima de tudo e todos?
A questão não é mais partidária ou ideológica. A pergunta que deveria ser respondida pelos dois candidatos à presidência nesse segundo turno deveria ser essa: Quem é mais importante, o senhor ou o Brasil? Lula nos responde essa pergunta todos os dias e reafirma sua resposta toda vez que não assume o óbvio.
Um presidente deve sim se julgar indestrutível. Indestrutível em seu caráter, em sua ética e principalmente em seu compromisso assumido com a população. Infelizmente, nesses pontos, Lula quebrou.