sábado, janeiro 06, 2007

Chuva de Janeiro

O ano já é outro. O dígito mudou. Ao invés do número seis, usaremos agora o sete para preenchermos a lacuna das folhas de cheque. Somamos a este novo ano a esperança de toda uma população por dias melhores. Dias mais justos. Dias de paz.
Um ano que começa tem a particularidade de ser detentor de qualquer assunto. É um ano em branco. Um ano a ser escrito. Por esse motivo, não vale a pena sujá-lo fazendo referências às coisas ruins que estragaram parte do brilho de 2006.
Falar de política nesse primeiro momento é o mesmo que praguejar o ano novo que não tem culpa e relembrar do ano que deve ser esquecido ou ao menos deixado pra trás quando o assunto é corrupção. Boas aspirações são sempre bem-vindas e de minha parte, como brasileiro crente e esperançoso, desejo ao presidente que foi empossado no dia primeiro desse ano, mais uma vez comandante máximo da nação – Sorte e bom senso.
Com um ano inteiro pela frente, o leque de papel que vejo abaixo das linhas que agora escrevo são puros. Decidi deixar tudo de ruim no passado, escolhi não escrever mais sobre aquilo que já foi massacrado por tantos, inclusive por mim. Minha escolha é pelo novo, pelo inédito, pelos bons fluídos, pela esperança de um novo Brasil, pela crença em justiça e igualdade. Escrevo para celebrar e almejar. Já é passada a hora de lamentar.
Ligamos a TV em janeiro e sempre vemos a mesma coisa. Vinhetas guiando a chegada ainda discreta do carnaval. Propagandas de novos seriados. Novas mega-produções televisivas abordando um novo ponto de nossa história, sempre tão mal estudada por nossos alunos. Chamadas para o novo – tão velho e batido – reality-show. Preparativos dos times de futebol para os tão disputados e aguardados campeonatos regionais. Incentivos e receitas a todos aqueles que querem uma vida nova, dentro de um novo ano. Filmes repetidos. Promessas fracassadas que de tão veiculadas fazem parte de nossa cultura. O ano novo parece-me velho. Só parece.
As tardes de janeiro são diferentes. Passam de forma desigual. Pedem chuva para marcá-las como únicas. Chove todo dia. Chove muito. Chove por muitos motivos e um deles é o de mostrar a falta de preparos da administração pública para com a cidade. A chuva de janeiro serve para mostrar a falta de qualidade do asfalto eleitoreiro. Serve para mostrar o quão sofrido pode ser um começo de ano para uma família que mora em lugares impróprios. A chuva forte cai para limpar o ranço do ano que se passou e deixar uma enxurrada de problemas que já foram pautados há tantos anos atrás.
Ano novo. Velhos problemas. Eternos dilemas. Lamentar não é correto. O correto é trabalhar. Que a energia celebrada nos primeiros minutos de 2007 sirva ao menos como estopim de incentivo para um ano diferente. Sejais vós políticos e administradores públicos, carregados pelo remorso transmitido pelos seus iguais, diferentes este ano. Façam o que lhes cabem. Governem para aqueles que os elegeram. Trabalhem e levem a sério o cargo que ocupam. Façam o mesmo que gostariam que fizessem aos seus filhos.
Bom ano. Boa administração. Boa sorte.