segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Oscar, mega sena e futebol


Em tempos de vida comum, em mais um ano começado fora do tempo real, o carnaval ficou para trás.
Plumas e serpentinas varridas dos salões. Fantasias e alegorias desmontadas. As avenidas do samba voltaram a ser o que eram. Apenas avenidas.
O ano começou de fato. Ao menos para a maioria dos brasileiros que não participam do Big Brother Brasil. Um show de notícias nos comprova isso.
As contas e impostos de boas festas devem ou deveriam estar pagas. O presidente continua sua reflexão a respeito de sua nova equipe. Os aeroportos continuam com problemas. Na Inglaterra o príncipe vai à guerra. E nos Estados Unidos, Britney Spears apareceu com um novo corte de cabelos, ou melhor, sem cabelos.
Tudo é notícia. Nova ou velha. Diria reciclada. A notícia quase sempre é reciclada.
Todos os problemas do mundo não conseguem ofuscar o oscar 2007. Não seria justo tirar o momento de glória máxima da vida de Scorsese, que recebeu sua primeira estatueta depois de sete indicações. Foi justo? Não me interessa.
A mega sena vive acumulando. Acumulando sonhos e mais sonhos de milhares de brasileiros que trocam o pão com manteiga da manhã pelo bilhete que leva ao sonho. Qual sonho? Riqueza, poder, popularidade. Ser o rosto que aparece nas páginas da revista Caras. Ser diferente daquilo que somos. Comprar aquilo que precisamos apenas para mostrar aos outros. O mundo está diferente.
Vivemos em um mar de informação. Recebemos todos os dias uma imensidão de imagens, textos, relatos, depoimentos, estatísticas, anúncios e tudo mais que venha pelo canal transmissor – receptor. Não estou bem certo do quanto à maioria da população absorve disso tudo. Não sei também o quanto somos educados pela informação. O ciclo é envolvente. A cadeia começa desde cedo.
Os jovens prestaram vestibular. Escolheram uma carreira folheando um manual. Estudaram ao longo de um ano inteiro para receber as cores da guachê vitoriosa sobre a face. Brindaram e beberam a primeira semana de aula. Já passou. Agora é realidade. Aulas e mais aulas de matérias que irão por à prova à verdadeira aptidão de cada um. Os bons decerto vencerão.
Depois de vencido algo na vida, seja uma graduação em uma boa universidade, um prêmio no oscar ou acertar os números da loteria, o que acontece depois? Dinheiro, fama, realização. O que é verdadeiramente importante. Cada um com sua resposta.
A sorte do brasileiro é que existe futebol. Campeonatos regionais, estaduais, das mais variadas divisões. Campeonato nacional e copas internacionais. A seleção também sempre joga. Em dias certos, dias estudados, dias pensados. Como se fosse um calmante fortíssimo que deve ser ministrado apenas com receita e em determinados casos. O caso é sempre o mesmo e os problemas não estão sendo curados.
O Brasil é um país bom porque existe bom futebol. Ainda é válida essa máxima?
Os Estados Unidos ainda são aplaudidos por causa do oscar? O oscar continua sendo uma grande premiação ou virou apenas, uma festa?
O mundo está evoluindo ou regredindo? Vejo as pessoas cada vez mais preocupadas com conquistas pessoais do que com o conjunto da obra. Salvo às exceções.
Existem milhares de exceções.
Poderiam ser milhões.