quinta-feira, setembro 21, 2006

A indignação não existe mais.

Os acontecimentos da vida política nacional são tão escabrosos que estão fazendo com que a palavra indignação saia do vocabulário do brasileiro de maneira definitiva. Nunca mais nos indignaremos com nada. Aconteça o que acontecer, brasileiro agüenta, é forte e solidário a ponto de não questionar.O escândalo da vez – a venda de falsos dossiês – chegou apenas para dar o último aviso ao eleitor desavisado antes das eleições de primeiro de outubro. Aqueles, que dormiram no ponto, ignoraram o óbvio e desligaram o cérebro enquanto denúncia em cima de denúncia era apresentada, agora têm mais uma chance de enxergar o que está acontecendo em nosso país.Todos os veículos de comunicação mostraram em detalhes as falcatruas cometidas pelos envolvidos na podridão geral que assola o país. Algo aconteceu e está mais do que claro o que incomoda e que continua a acontecer, mesmo depois de tantos escândalos e acusações. Ninguém é afastado de um cargo por boatos, ainda mais quando a pessoa é forte dentro de seu partido. Pois bem. Assistimos a mais um afastamento no partido dos trabalhadores – Ricardo Berzoini – coordenador nacional da campanha do presidente Lula, além de ser, nada mais nada menos, o atual presidente do PT. Foi afastado pelas denúncias que recebeu a respeito do caso dossiê. Algo está estranho. Tem coisa muito errada nesse universo intocável. Outro alguém fez algo que não deveria ter feito e nessas horas o remédio que se mostrou eficaz para Lula se blindar dos escândalos anteriores – cortar na própria carne – mais uma vez está sendo usado.Perguntas feitas dia-a-dia são respondidas com respostas tão escorregadias que até para os maus entendedores o que foi mostrado bastou. Sei que têm algo errado, mas não ligo a mínima. É esse o pensamento geral. Os acusados não têm mais o que fazer, a não ser segurar as pontas, agarrar-se na máquina, apelar para o carisma e torcer para que o mês passe mais rápido para que dessa forma, o tempo de assimilação dessa nova presepada seja insuficiente e os índices das pesquisas não ocilem demais.
Não interessa de onde veio esse dinheiro, não vão falar, não vão provar a tempo. Sabemos de onde veio. Pagamos, todos nós, com nossos impostos por este dossiê – forjado ou não – não nos apresentaram comprovante de compra, muito menos pregaram um balancete de final de mês que até a mais vagabunda das empresas o faz. O Brasil é superior a tudo e a todos. A máquina do Estado trabalha ininterruptamente, mas nem sempre o resultado do trabalho dessa máquina está sendo utilizado para a melhoria de nosso país como comprovamos nessa gestão.
A reeleição desse partido será um marco em nossa história democrática recente. Um marco negativo é verdade, pois as eleições de 2006 serão lembradas pelos historiadores e estudiosos como o pleito que traduziu a corrupção deslavada em votos e o aval definitivo da população que liberou de maneira manipulada a impunidade partidária.
A consagração daqueles que trabalharam em cargos públicos de maneira egoísta e fizeram com que o país fosse visto com maus olhos pela opinião pública mundial pode ser premiada no primeiro dia do mês de outubro com seu voto. O conformismo crônico é uma doença que se mostrou sem cura. A blindagem carismática mostrou-se mais forte que muitos supunham. As portas do vale tudo estão escancaradas para os próximos golpistas que quiserem entrar e se sentirem bem vindos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Essa é a grande herança do PT para o Brasil: a desmoralização da Moral. O pior é que eles estão encarando a possível reeleição do Lulla como uma absolvição dos seus crimes. Temos que continuar combatendo-os, ou em breve não poderemos mais chamar o Brasil de nosso.