quarta-feira, outubro 18, 2006

Cultuando o Acaso


Uma velha idéia que durante muito tempo regeu minha vida, voltou. Contruir em palavras um tom explicativo para a vida, contado em capítulos, que juntos um dia transformariam-se em um livro. A base da idéia sempre tive. O que falta para a realização desse projeto? Confesso para todos. Nada.
Apresento-lhes agora a introdução.
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Quando se tem muito tempo disponível para fazer tudo aquilo que tem vontade, você acaba usando muito desse tempo para pensar naquilo que vai fazer. O engraçado é que consigo passar horas e horas pensando em nada, o que eu chamo de Cultuar o Acaso, sempre dando como desculpa o fato de estar vivendo um momento de introspecção de minha vida. Dar desculpa nem é necessário pra dizer bem a verdade, já que quando atingimos uma certa idade, nos preocupamos menos em agradar ao próximo do que a nós mesmos.

Pensar em nada pode se tornar perigoso, pois como dizem "cabeça vazia oficina do diabo". Em contrapartida, pode ser criativo, lado este que prefiro seguir, pois considero o fato de que existam cabeças extremamente brilhantes, que cultuam o acaso, desestimuladas com a vida ou com uma parte dela.

Não colocarei conteúdo algum no primeiro capítulo deste livro, como você leitor poderá perceber ao avançar um pouco mais na leitura. Esta decisão não é nenhuma artimanha de marketing, tampouco uma atitude de revolta de minha parte para com o número um. O fato de eu não colocar palavra alguma no primeiro capítulo, foi à maneira que encontrei para ressaltar o quão vago pretendo que seja o livro.

A partir do segundo capítulo do livro, Te convido a se aventurar com a personagem principal da história – Poe, um menino curioso que se sujeitou a fazer uma viagem no interior da mente humana, explorando o lado vazio.
Poe não existe, foi criado para ilustrar a história. Como criador, dou-me o direito de equipar minha criação da forma que eu achar melhor.

Crente que meu personagem não será questionado, começo agora a falar um pouco sobre ele. Poe têm hiperatividade, é observador e tem personalidade forte. Gosta de todos até que alguém o prove o contrário. Prefere ouvir uma música que goste muito várias vezes do que ouvir uma coletânea que não lhe agrade tanto. Ele não é feliz e não é triste. Poe é de fases, de momentos, vivendo sempre o hoje intensamente. Não faz plano, mas tem sonhos. Ama o amor, sempre procurando um amado.Poe gosta de sua vida, mas fica extremamente inquieto quando observa o mundo à sua volta.Este é Poe, que foi escolhido aleatoriamente levando em conta apenas seu grande interesse a respeito do mundo e das coisas, qualidade que admiro.

Faltou dizer o porquê de Poe ter aceito meu convite e participar desta experiência. Não foi por dinheiro, pois dinheiro eu não tenho. Nem por nenhuma razão científica, pois o que escrevo e o que pretendo escrever não tem nenhum amparo na ciência. Tampouco foi pela sua curiosidade, pois Poe privilegia a sua liberdade de escolha para explorar aquilo que quiser. Falei a palavra "liberdade" e foi esta a chave do convite. Poe poderá vasculhar, remexer e questionar tudo aquilo que tiver vontade e gostou disso.
Todos de alguma forma buscam a liberdade, seja ela qual for, financeira, afetiva, intelectual ou de expressão. Poe gostou da idéia de agir sem censura na cabeça de uma outra pessoa, questionando o mundo seguindo a visão dos outros, avaliando e comentando como quiser, tendo sempre como principal objetivo explorar o vago.

A falta de uma explicação nesse momento, talvez deixasse você com dúvidas a respeito daquilo que será o foco principal do livro. O que quero dizer com explorar o vago? Temos o intuito, (digo agora "temos", pois já considero Poe integrado à história) de tentar entender os pequenos gestos, as simples ações que estão por trás das coisas cotidianas das pessoas. Porque as pessoas estudam? Porque as pessoas trabalham? Porque as pessoas se relacionam?

Podemos encontrar milhares de respostas para estas perguntas, mas nunca uma só para cada. Poe tentará encontrar a melhor resposta ou a que valha mais a pena, ou simplesmente mergulhar neste mar de possibilidades validando todas elas.
Ninguém sabe ao certo o que existe de melhor na vida. As pessoas acham que sabem o que é melhor para elas e se empenham nisso. Outras não. E são estas, que não agem da forma esperada e não pensam apenas naquilo que já foi pensado, que são o foco de nossa busca. Sabendo disso, Poe começará suas observações e analisará de sua maneira tudo que achar interessante.

Ele terá um amplo espaço para suas reflexões e se divertirá com isso, já que se baseará somente no que acha para elogiar ou criticar. Poderá conversar com as pessoas para saber sua opinião, ou simplesmente penetrar na sua cabeça e enxergar o que elas vêem interpretando de seu modo. É este todo o poder que dou a Poe, seguro que ele fará de tudo para entender o que não costuma ser entendido.

Isso é o que pretendo explorar, não sabendo ao certo onde Poe vai chegar. Convido agora você leitor, a descobrir o que segue nas próximas páginas, não prometendo nem ao menos o final. Por este motivo não dedico este livro a ninguém.

Valerá a pena? Talvez.

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