domingo, outubro 08, 2006

Fugindo da responsabilidade

Quantas vezes em nossas vidas já não nos imaginamos indestrutíveis?
Pergunta inoportuna que pode levar a um questionamento desnecessário. Então, porquê fazê-la? Na maioria das vezes quando me pedem uma explicação eu faço sem hesitar. Hoje, como o tom foi dado por mim, explico-me sem pedidos.
Inúmeras oportunidades do cotidiano poderiam ter sido menos agressivas do que de fato foram. Situações colocadas sem cabimento, muitas vezes mostraram-se absurdas. Outras tantas vezes não.
A intenção não é a de criar um texto introspectivo, não é minha finalidade e provarei com mais algumas linhas.
Cargos, hierarquias, ambições e fulminantemente, o poder, são degraus perigosíssimos que mudam a essência do ser humano. Maquiam a alma, destroem o caráter. Com isso acontecido, um superpoder inexistente aparece com força na falsa sensação de domínio da verdade e o mais humilde dos homens, portador neste momento de raios cósmicos divinos, intitulasse Deus.
O Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva é um exemplo a não ser seguido. O afortunado representante de uma nação, não pode mostrar-se acima de tudo. Pelo contrário, o exemplo deveria ser dado. Tudo o que foi dito e esmiuçado a respeito do partido do presidente não foi e continua sem ser explicado. Após duríssimas críticas recebidas pelo não comparecimento aos debates de primeiro turno, Lula deu o ar da graça no primeiro debate televisivo deste segundo turno, a contragosto pelo que aparentou no vídeo, pelo motivo único de ser uma estupidez tamanha deixar seu espaço para um palanque do adversário. Se houvesse uma única saída para que o presidente se ausentasse desse “combate”, acredito eu, ele o teria feito.
O que acontece com as pessoas quando são colocadas à prova? Muitos enfrentam seus problemas com garra e coragem, alguns são cautelosos e preferem o diálogo, outros se escondem e não assumem a responsabilidade que tem. Cada um, cada um. Mas, quando um problema de dimensões nacionais estampa todas as páginas de todos os jornais do Brasil e são usados também pela imprensa estrangeira, algo imprescindivelmente precisa ser feito. Não queremos explicações do metalúrgico que baixou sua produção. Queremos uma explicação do representante máximo nacional pelos erros que são absolutamente da sua alçada.
Não acredito em pessoas indestrutíveis. Acredito em fortes armaduras. Tenho a certeza que a espessura da carapaça que o Presidente Lula se revestiu durante todo o processo de escândalos está muito comprometida. Mais cedo ou mais tarde, nosso Presidente precisa ceder. Ceder ao apelo da população por uma explicação contundente e honesta. É o mínimo que ele deve fazer para mostrar-se ainda digno de continuar na vida publica.
O homem que surgiu do povo e pelo povo chegou ao poder não existe mais. Este mesmo poder, que ele tanto quis para ajudar os mais sofridos deste país, deixou-o cego. A arrogância que antes não existia nele, agora reina soberana. Eu não conheço este homem. Não é o mesmo que perdeu as primeiras eleições que disputou, tampouco o homem que assumiu o Brasil há quatro anos atrás. Quem é esse novo Lula, que perdeu com os anos sua paixão pela moral e pelo social? Quem é esse presidente que está acima de tudo e todos?
A questão não é mais partidária ou ideológica. A pergunta que deveria ser respondida pelos dois candidatos à presidência nesse segundo turno deveria ser essa: Quem é mais importante, o senhor ou o Brasil? Lula nos responde essa pergunta todos os dias e reafirma sua resposta toda vez que não assume o óbvio.
Um presidente deve sim se julgar indestrutível. Indestrutível em seu caráter, em sua ética e principalmente em seu compromisso assumido com a população. Infelizmente, nesses pontos, Lula quebrou.

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