domingo, junho 14, 2009

Mais um Inverno


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O ritmo da vida de hoje é tão vertiginoso, tão avassalador que fica difícil se dar conta da passagem do tempo. E quando não se consegue perceber a passagem do tempo, não se percebe também a passagem da vida.Ainda estou com o frio do Inverno passado — alguns dias é bem verdade — a me enregelar com o vento assobiando nas orelhas, quando olho no calendário e vejo que na semana que vem começa outro Inverno. Começo, então, a fazer uma retrospectiva e me surpreendo tentando descobrir como foi a Primavera do ano passado e como foi o último Verão e percebo que nem me dei conta de sua passagem. E olhe que valorizo imensamente a vida, cada momento e cada fato que ela apresenta! Pois, apesar disso, não sou capaz de dizer o que houve com o meu tempo e com a minha vida.O trabalho, os inúmeros compromissos, um fato sucedendo outro, o envolvimento com uma série de questões, sugam-nos o tempo, drenam-nos a vida.Se há uma solução, não sei qual seja. Só sei que a máxima de mestre Vinicius “a vida é uma só e é pra valer” a cada dia ganha mais sentido e mais importância. Esta é uma época em que “é preciso saber viver”. E viver o hoje, o agora!Adiar coisas, recusar convites, deixar para mais tarde a realização de sonhos, podem comprometer a vida, pois suas boas coisas podem ser engolfadas pelo turbilhão do tempo e se perderem para sempre.A vida continua vindo “em ondas como o mar”, só que não são aquelas tranquilas que em espuma se desmancham na areia. A vida hoje, vem em vagalhões de mar enfurecido, vem com todas as forças dirigidas a arrastar tudo o que encontram pela frente, sonhos, projetos, ideais.Talvez um modo de levar a vida seja “viver cada segundo como nunca mais”. Viver o momento presente de forma tão intensa que, quando o vagalhão chegar, pouco ou nada vai ter para arrastar.A intensidade no viver está nas coisas pequenas. Está em parar por alguns segundos e observar a beleza de uma flor, o sorriso de uma criança, as cores de um pôr-do-sol! É dar preferência à vida ao invés de priorizar o que nos leva a vida. É parar à sombra de uma árvore e sentir o seu frescor ainda que o sol esteja escaldante. É dizer a todos que amamos, que os amamos! Que esse amor é forte, eterno, incondicional!Se vivermos a vida a cada minuto, o tempo, ora, o tempo! Ele que passe com a velocidade que quiser. Não vai nos arrastar porque temos um lastro formado pelas milhares de pequenas coisas vividas, em milhares de pequenos instantes.A pior pergunta é esta: — Meu Deus, o que é que eu fiz da vinha vida? Se as pequenas coisas forem valorizadas, a resposta à pergunta será curta e rápida: vivi!!!E é isso que precisamos fazer porque a verdade mais pura e inconteste, está num jogo de palavras: “Da vida só se leva a vida que se leva”!
Crônica de José Roberto Martins, radialista e professor, publicada na edição do dia 13 de Junho do jornal Correio Popular.


2 comentários:

Martha Romano disse...

como sempre o zé é sensacional!

Diego Almeida disse...

Rica avisa o Zé, que, simplesmente muito boa.... eu li no jornal e já havia gostado muito....... valeu