sexta-feira, agosto 18, 2006

Com defeito eu não compro

Não quero comprar nada. Vendedores de todas as áreas e todos os ramos não percam seu tempo oferecendo-me qualquer um de seus produtos. Não quero, não preciso. Muito obrigado.
Operadores de telemarketing são treinados em diferentes níveis para que aprendam a vender o desnecessário. Campanhas publicitárias são criadas e aperfeiçoadas para buscar novos consumidores. Slogans e dingles entram na nossa mente e desapercebidos nos vemos cantando a ordem de compra subtendida.
Ligo a televisão e vejo, no rádio eu escuto, no jornal e na internet eu leio, pode esperar que sempre vão estar lá, as imperdíveis promoções de produtos que não vão mudar a minha vida.
É assim todos os dias, todos os anos. O que muda é o produto.
Começou a exposição de novos e velhos "produtos" que, esses sim, mudarão nossas vidas – para melhor ou pior. Ano eleitoral é assim, um show de performances ensaiadas, terinadas a exaustão e executadas com louvores. Os candidatos estão na mídia em plena atividade circense. Cada um deles, cercados de seus amigos marketeiros tentam vender seu peixe mais uma vez, que no caso é ele mesmo quem está a venda pelo valor de seu voto.
Tem gente que pede desculpas em cadeia nacional pelos erros cometidos na gestão passada. Como errar é humano e pedir desculpas é fácil, por quê não tentar de novo? Fazem isso da mesma forma que uma empresa faz quando comete um erro ou engano – vão aos meios de comunicação e dizem que não vai mais acontecer. Pura canalhice. O que eles não entendem é que, enganar o eleitor que depositou sua confiança e seu voto na esperança de que o país prosperasse e ao invés disso receberam perplexos as manchetes de corrupção, é muito mais grave que um problema técnico apresentado por um carro. Usar um cargo público para obter vantagens pessoais e com isso avacalhar a imagem do Brasil é muito mais sério que uma TV que distorce a imagem. Quem rouba deveria ir para a cadeia, mas quem rouba, engana, passa por cima de interesses coletivos para benefício próprio, trai uma nação toda, estes, deveriam queimar no inferno. Mas, como a memória da população é dita curta e o salário é bom, eles vão tentar a mamata dos proventos e da impunidade novamente.
Parece mentira. Antes fosse. Os mesmos envolvidos nos escândalos que abalaram o país estão em plena campanha. Aqueles mesmos que foram mostrados por todos os ângulos, em todos os canais e em todas as capas de jornais desse país. Condenados pelas CPI’s e pela opinião pública, eles voltaram. Lembram dos que renunciaram? Pois é, também estão de volta. E dos velhos ladrões assumidos, você lembra? Estão em campo, pode procurar. "Votem em mim, que eu não farei mais nada de errado. As pessoas cometem erros e estou arrependido." – é o que estão dizendo. Será? Eu não acredito.
Comecei escrevendo este artigo afirmando que eu não quero comprar nada. É verdade. Não tenho a intuito de comprar nem uma tampinha de refrigerante. Marqueteiros, obrigado. Não quero seus produtos. Não vou comprar um candidato confirmadamente corrupto. Não compro de jeito nenhum. Pode barganhar. Pode bombardear minha cabeça com os mais elaborados discursos e frases feitas que eu não caio nessa. Sorrir nos mais diferentes ângulos e prometer maravilhas não vai mudar minha opinião. Prometam o que quiserem. Mesmo se for verdade o que dizem – estarem arrependidos – EU NÃO COMPRO.
Candidato com defeito eu não quero. Meu voto vale muito e preciso ser sábio na escolha que farei na hora de gastá-lo.

2 comentários:

Ricardo e Liza Fernandes disse...

Meu pupilo, você está no caminho certo, ainda que tenha escolhas questionáveis. Um abraço.

Anônimo disse...

Você quis dizer jingles, certo?!