sexta-feira, agosto 04, 2006

Uma rotina de marcas

São 8:00h da manhã. O rádio relógio da Panasonic já cansado de tocar espera para ser desligado. Sonolento, me vejo no espelho do banheiro tateando sobre a pia o creme dental Colgate e minha escova de dente elétrica da GE. Com pouca vontade, uso o fio dental Oral B e por último, refresco o hálito com o enxaguante bucal Listerine.
Já vestido com meu jeans velho de guerra da Levis, procuro no guarda roupas minha camisa Calvin Klein. Com os cadarços de meu sapato Samelo ainda desamarrados, chego na cozinha onde abro minha geladeira Brastemp e pego o leite Parmalat que vai dar vida ao crocante sucrilhos Kellogs. Um sanduíche de presunto e queijo sai quentinho da lancheira Arno e meu iogurte Nestlé finaliza meu desjejum.
Ainda mastigando entro na garagem que, entre um Pegeout e um Fiat, reina soberano o “mais querido do Brasil”, o Gol da alemã Volkswagem. O pneu Goodyear da frente de meu carro já aponta os sinais da alta quilometragem e se mostra mais careca do que o devido.
Rotina. O trânsito é o mesmo todos os dias, carros e mais carros das mais diferentes montadoras se acumulam nas avenidas da cidade. Pela janela, enxergo um outdoor que mostra uma bela moça matando a sede com Gatorade. Enquanto espero o fluxo, meu celular Samsung toca e do outro lado da ligação, meu chefe me avisa daquilo que já sei – estou atrasado.
Faço o possível e o impossível para não cometer nenhuma infração e chegar o mais rápido que posso ao escritório. Mas, o não esperado acontece: fico sem gasolina. Sorte a minha que a poucos metros encontro um posto Esso e sem mais delongas, finalmente chego ao trabalho.
Recebo uma advertência pelo atraso e com meu humor, a esta hora já bastante alterado, sento em minha cadeira e ligo o monitor LG. O computador IBM com processador Pentium demora alguns instantes para iniciar, até que a tela azul do Windows me convida a começar o que já devia estar adiantado – meu trabalho.
As pessoas em minha volta em situações não muito diferentes que a minha, correm contra o tempo para que tudo termine no prazo. Por um breve instante, olho para o chão e com uma rápida busca pelo recinto, vejo pés calçando tênis dos mais diferentes fabricantes: Nike, Adidas, Puma e por aí vai.
O tempo passa. O telefone Siemens toca sem parar. A impressora HP descarrega ininterrupta, folhas e mais folhas impressas. Noto por um momento a quantidade de caixas de papel Chamex Office que foram usadas no dia.
Estico os braços, alongo o corpo. Consulto meu relógio Timex de pulso e fico feliz, pois ele está marcando exatamente o que meu organismo me alertara – hora do almoço.
Sozinho, caminho menos de uma quadra e entro no Mac Donalds. Comida rápida que facilita a minha escolha pela mesmice dos sabores – qualquer número serve. Satisfeito? Ao menos parece. Hora de voltar para minha mesa. Termino o que restava do meu “balde” de Coca-Cola e, outra vez estou diante do meu companheiro teclado Dr. Hank.
A parte da tarde passa sempre mais devagar. Se ao menos eu ganhasse o suficiente para comprar um Ipod da Mac, o som relaxante do Pink Floyd me ajudaria em minha empreitada.
Fim do dia. Já é hora de voltar para casa. Mal vejo a hora de me esticar em minha confortável poltrona, ligar a TV Philips, colocar um DVD que aluguei na Blockbuster, no aparelho da Sony e aproveitar o que me resta do dia, saboreando o inigualável Jack Daniels beliscando uma deliciosa batatinha Pringles.
Pois é, caro leitor, notou algo peculiar neste artigo? Percebeu como podemos excluir totalmente de nossa rotina, as marcas nacionais. Algo está errado. Não acha?

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