sexta-feira, agosto 17, 2007

O espetáculo injusto

Na sociedade da injustiça os atores são conduzidos por diretores de má fé. O espetáculo da vida é regido por um governo fraco e egoísta. O processo é transformado e adaptado a cada dia com moldes não honestos. Poucos ganham e muitos perdem. O tempo corre e marca os minutos de uma vida injusta
A criança nasce. Planejado ou por acaso, o recém nascido quando chega ao mundo encontra as coisas prontas. No Brasil e no mundo, todos os dias, em cada hora e cada minuto do relógio, a vida se renova, muitos chegam e outros tantos se vão.
O planeta dividido em suas milhões de complexidades absorve todos os dias milhares de novos seres. Os cartórios registram a cada hora do dia centenas de milhares de novos nomes. As certidões emitidas são guardadas por toda uma vida.
A criança cresce. Começa aprendendo os primeiros passos e as primeiras regras para ser inserida e participar de fato das transformações diárias que a sociedade estabelece. Tem contato desde seus primeiros minutos com sua língua natal que será aprendida e por meio dela o primeiro relacionamento de tantos será provocado.
A criança é educada. Esse ponto, como os demais, deveria ser obrigatório para todos, mas não acontece dessa forma, pois o país falha em diversos setores e consolida seus erros arruinando toda a base da sociedade não investindo em educação. Na escola são ensinadas as técnicas e o processo pelos quais o mundo pode ser moldado. Também é ensinado aquilo que já foi feito antes, as façanhas e as conquistas de outros seres humanos são contadas em sala de aula, como se fossem exemplos a serem seguidos. Da mesma forma, os erros cometidos são discutidos à exaustão para que não sejam novamente executados. Erros acontecem. É da natureza humana. Poderiam ser evitados, ou não.
Tudo é um processo. Uma técnica de modelagem em série com o escopo de padronizar a população. Os modelos criados e aceitos foram implantados drasticamente no senso comum fazendo com que os próximos passos da criança sejam dados quase que automaticamente, ou seja, continuar estudando para conseguir um emprego, encontrar um parceiro para se casar e ter filhos e dessa forma dar continuidade ao processo.
O processo. A sociedade estabelecida com suas regras, aceitações, preconceitos, desigualdades e dificuldades, carrega dentro de suas leis a essência de ser portadora de vícios que se repetem ao longo de gerações. Passados de pais para filhos, os princípios e as virtudes de cada família em particular modificam também de forma particular a sociedade. Tudo isso misturado ao fato do ser humano ser carente por excelência culmina, fulminantemente, com uma eterna busca. Cada ser desse planeta vai passar seus dias, sejam quantos forem, buscando algo e vai morrer nessa busca ou em outra que decidiu ao longo do caminho.
O que de fato faria o homem se não fosse conduzido? Pela dificuldade de se viver ou, simplesmente, pela necessidade de existir, o homem aceita até o inaceitável. Tudo pela sobrevivência. Tudo pela perpetuação. Tudo pela prole. O estado dita regras pesadas aos ombros mais fracos. A máquina trabalha contrária a necessidade da maioria. Os que mais precisam sofrem e pagam muitas vezes com a dignidade aquilo que deveria ser de direito.

Um comentário:

Danilo Sanches disse...

o grande problema: viver pela sobrevivência.
A metáfora do teatro só poderia ser superada com qualidade de vida. Não qualidade de sobrevivência.
Qualidade de vida gera qualidade de conteúdo. Daí demite-se o mau diretor, daí espanta-se o mau público.

Pode parecer piegas, mas são poucas pessoas que a gente agradece por existir.

Obrigado.